A cooperação do setor de embalagens para o fomento da reciclabilidade

Assunta Napolitano Camilo

Pavimentar um caminho de redução de impacto ambiental no setor de embalagens requer desafios que passam por administradores públicos, gestores de resíduos, instituições, indústria e consumidores. O Brasil ainda caminha a passos lentos em relação às ações efetivas de educação ambiental entre marcas e consumidores. De acordo com dados da International ISWA International Solid Waste Association, o país recicla aproximadamente 4% do lixo produzido.

Para melhorar essa realidade e aumentar os índices, o Instituto de Embalagens promove conexão entre empresas e sociedade. Ações de conscientização do consumidor são importantes para a cooperação para um mundo melhor. 

O descarte correto das embalagens, por exemplo, de forma destacada e didática, melhora o ambiente social. Apesar de 70% da população ainda separar lixo incorretamente, de acordo com dados do IBGE, o Instituto atua para mitigar essa realidade através de rodas de conversa com profissionais e empresas, além de ministrar cursos e fomentar o conhecimento para melhorar as ações de sustentabilidade. O livro “Embalagem Melhor Mundo Melhor”, que está na terceira edição, traz conhecimento atualizado e abrangente sobre o universo da indústria de embalagem.

A obra é assinada por 27 especialistas do setor de embalagens. Com 464 páginas, a produção coletiva reúne textos que fomentam a excelência do desenvolvimento de embalagens para garantir o cumprimento de suas principais funções: conter para facilitar o transporte; proteger o produto e suas propriedades na exposição ao ambiente; comunicar os valores da marca e os benefícios do produto para os consumidores; reduzir o impacto ambiental. A obra é escrita pelo time de professores do Instituto de Embalagens e especialistas que atuam na indústria de embalagens.

Apesar do trabalho do Instituto de Embalagens em promover discussões e conhecimento neste contexto, a responsabilidade de orientação sobre coleta e correta destinação dos resíduos de embalagem precisa partir das empresas. A partir dessa conscientização, ficará mais fácil promover a reciclagem e o reaproveitamento no ciclo produtivo das embalagens.

Para intensificar o conhecimento do setor de embalagens, o Instituto atua fortemente no ensino e capacitação promovendo cursos, workshops, fóruns e treinamentos. Mais de 18 mil profissionais do setor foram impactados. 106 cursos e 140 fóruns e workshops foram ministrados desde a fundação do Instituto, em 2005. Além da promoção e participação em eventos nacionais e internacionais que reúnem toda cadeia da indústria de embalagens, desde fabricantes, convertedores até donos de marcas que dialogam com o consumidor final.

Para o Instituto, a cooperação também deve existir entre os consumidores, que estão mais atentos às questões sustentáveis. De acordo com estudo da NielsenIQ, 78% dos consumidores dos EUA disseram que um estilo de vida mais sustentável é importante para eles. Há, também, um crescimento de compra dos produtos que utilizam ESG, aponta a pesquisa. 

Apesar do entendimento de que é preciso ter um mundo mais consciente, atrelado à falta de conhecimento da população sobre conceitos básicos de descarte, existe uma luz no fim do túnel quanto a importância que os consumidores estão dando às ‘pautas verdes’. No entanto, por falta de conhecimento, promovem o greenwashing, que em inglês, significa transmitir uma falsa imagem de sustentabilidade. 

Essa prática pode comprometer a reputação e a credibilidade da marca, bem como trazer prejuízos legais, uma vez que a publicidade enganosa é considerada uma violação das normas do Código de Defesa do Consumidor.  Existem casos de empresas que buscam a resolução de alguns problemas ambientais de seus produtos, iniciando outros problemas. Como é o caso dos canudos plásticos que quando trocados por canudos de papel vindos da China acabam impactando o meio ambiente pela pegada de carbono dessa exportação. Em vez disso, acredito que podemos discutir sobre adaptações em embalagens que descartem a utilização de canudos. 

Portanto, as empresas podem e devem utilizar a embalagem como ferramenta de educação ambiental, principalmente para o público infantil. Trazer a população para dentro do debate, ativar práticas para redução de impacto ambiental através da administração pública, são pontos de cooperação para tornar o setor de embalagens mais sustentável. As mudanças serão efetivas a partir de um trabalho em conjunto e a mudança de mentalidade do consumidor, e as marcas devem ter cada vez mais consciência que fazem parte crucial dessa transformação.

EMBALAGEM MELHOR. MUNDO MELHOR

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