Assunta Napolitano Camilo
As embalagens flexíveis crescem mais entre todos os tipos de embalagens. Motivo: inovações o tempo todo; flexibilidade e adaptação aos mais diferentes mercados, sempre entregando algo novo
Atender as demandas dos consumidores é primordial. Todos procuram uma opção mais econômica, mais bela, mais conveniente, mais segura ou com menor impacto ambiental.
A embalagem flexível apresenta o menor custo, nem por isso precisa entregar apenas este atributo. Confere barreira ao produto, é leve e utiliza menos material e menor consumo de energia na transformação. Tudo isso contribui para redução da emissão de gases de efeito estufa.
A multicamada de materiais que podem compor uma embalagem flexível (quase todos plásticos, papel, alumínio) e inúmeras possibilidades de processos de fabricação faz desta opção uma fonte interminável de soluções inovadoras.
A indústria de equipamentos seja de pré-impressão, impressão, laminação, extrusão, metalização, aplicação de coatings, formação e envase e, mais recentemente, de reciclagem tem investido alto em tecnologia para atender as várias demandas do segmento.
A economia circular das embalagens flexíveis precisa ser resolvida, ao menos, enfrentada de forma racional, como deve ser. Tem sido inócua a demonização das embalagens plásticas como estratégia de grupos “pró-ambiente”, uma vez que elas continuam crescendo em todo o mundo, independente de tantos ataques.
Seria mais efetivo, todos contribuirmos de forma positiva, indicando caminhos e soluções para o delicado problema. Imaginem um mundo sem elas. Como poderíamos proteger os alimentos e garantir a sua distribuição pelo mundo? Alimentar as pessoas é fundamental para um mundo melhor e todos temos que concordar que esta é a função mais nobre das embalagens. É preciso rever alguns conceitos e mudar o foco para encontrar soluções juntos.
Compartilho algumas iniciativas de vanguarda das embalagens flexíveis que demonstram como são belas nas gôndolas. O chocolate belga Callebaut® adotou embalagens laminadas bem impressas e com formato elegante: o Square Bottom (fundo quadrado) que as mantém em pé. Além disso, o Single Lip alongou ainda mais o painel frontal e o pré-corte facilita a abertura e o zíper especial choclock™ estende o frescor do produto mesmo depois de aberto.
O formato de fundo quadrado garante uma ótima visibilidade da marca mesmo com a exposição horizontal na gôndola. O design equilibrado completa e valoriza o produto.
A evolução das embalagens flexíveis na categoria de panquecas é visível. A mistura em pó para panqueca e waffel da Kotimaista da Finlândia ganhou embalagem stand-up pouch de papel e polietileno (PE). A produção fotográfica bem impressa é destacada pelo fundo azul, cor da Finlândia. Convence pela simplicidade.
Outra mistura para panqueca é apresentada em stand-up pouch, numa estrutura mais encorpada, com janela frontal que permite a visualização do produto. Incorpora tampa na diagonal para facilitar o “derramar” do pó e a arte de inspiração americana convence com a assinatura do Chef Parasta Jazzin Kanssa.
A terceira e mais prática traz a mistura pronta de crepe Shimrit Ger, de Israel, que facilita muito o preparo. A estrutura da embalagem é bem reforçada para embalar um produto pastoso e refrigerado. A tampa facilita o derramar da massa e o design de fundo rosa chama muito a atenção com a foto invertida da massa caindo da tampa para a frigideira. Genial! Ícones simples explicam o modo de preparo, que suplantam qualquer idioma.
A última edição da ANUGA, em outubro de 2021, apresentou muita inovação em produtos desidratados por congelamento. Este novo processo (freeze dry) preserva melhor as propriedades dos alimentos e gerou também a necessidade de embalagens que contam suas vantagens.
São exemplos os morangos Galfruct, da Galfrost, Ucrânia e o smoothie em pó, da Liove, da Polônia. Imagino que tal tecnologia pode salvar nossas frutas perdidas, sem colheitas, tamanha a fartura de algumas regiões e o sucesso que poderia fazer em cestas básicas ou nas merendas escolares ou ainda em programas como o Bom Prato.
A Zonama Food ganhou um prêmio de inovação com o seu sorvete que não precisa da cadeia de frio, o Zebra Ice. O líquido é acondicionado numa embalagem quatro soldas, que deve ir ao freezer por 12 horas antes de ser degustado. O produto é feito com 100% de frutas e a cada dez produtos vendidos, a marca planta uma árvore como compensação ambiental.
A 24ICE da Holanda surpreendeu trazendo uma linha de coquetéis prontos com álcool para servir congelados (como nossa antiga raspadinha). Os coquetéis são apresentados em embalagens simples, tipo três soldas, que devem seguir para o freezer antes de serem servidos.
A De Maro, uma padaria industrial da Holanda, desenvolveu uma massa de biscoito, seguindo uma tendência de sobremesas que veio de Nova York, onde há bares que servem apenas massa de biscoito. A massa de biscoito doce agora é oferecida em potes de papel, como um sorvete. A marca é bem feliz: WOW.
Outro produto inovador e surpreendente é o “rolo” de biscoito apresentado em uma embalagem similar a de salame, denominada tripa ou chub film. O rolo deve ser fatiado em biscoitos, que já estão prontos para assar em casa. O bom desse conceito é que a massa já está feita, basta cortar 10 biscoitos de um rolo e depois assar. Fazem muito sucesso!
A T-Go (chá para carregar) diz que lançou o primeiro saquinho de chá neutro em papel mundo (www.letstgo.com). Todos os saquinhos de chá são produzidos na primeira instalação de chá neutra em carbono do mundo.
Os saquinhos vêm em flow-packs também de papel e depois em cartuchos de papelcartão. O saquinho de chá como tem alguma rigidez serve para misturar e dispersar o chá na água, tornando-se um atributo de diferenciação.
Outro produto inovador é o FLAVOUR CARD da FRIZC. Inventado por finlandeses, o cartão de sabor Frizc! – nome vem de uma gíria finlandesa que descreve algo fresco e nítido “friski”. Estes cartões servem para saborizar vários produtos. O consumidor pode colocar num pote de grãos de café para dar um toque de menta ou num achocolatado para dar sabor e aroma de hortelã.
A Pérnes da Letônia tem feito sucesso na Europa com seu snack diferenciado em formato longo. Os chips de batata frita ganharam uma embalagem nova: um berço termoformado e uma embalagem flow-pack com design vertical, que alonga e aumenta a visibilidade do produto na gôndola.
O creme para mãos da Clarins da França é apresentado em uma embalagem stand-up pouch pocket de 30 gramas, com formato arredondado e tampa, que pode ser carregada na bolsa. O design atraente atende os jovens veganos. A estrutura da embalagem é laminada com alumínio.
A Sense ™ produz na China e distribui em toda a Europa máscaras faciais e cremes em embalagens laminadas com alumínio. O rótulo autoadesivo tipo bula atende aos diferentes idiomas da Europa e a embalagem fica pendurada pelo furo de gancheira, destacando o produto no ponto de venda. A tampa fica na parte debaixo para esgotar todo o produto. Proposta de economia inteligente.
A Yeauty da Alemanha apresenta vários produtos como pads embebidos em diferentes soluções em embalagens a vácuo transparentes reforçadas com uma bandeja semirrígida.
A categoria de méis também é um destaque com embalagens stand-up pouches, com tampa na lateral-diagonal, que facilita o “derrame” do produto. A flexibilidade permite o consumo do produto até o fim.
Embalagens de papel têm sido valorizadas a ponto de ter um novo termo no mercado: a “paper-ização”. Algumas empresas têm apresentado seus produtos assim para comunicar que se trata de um produto natural. Realmente, o aspecto é muito agradável. A empresa russa Nature’s own Factory usou embalagem de papel para seu chocolate branco produzido artesanalmente e ganhou o prêmio de melhor produto. O design da embalagem traz ilustrações muito bem elaboradas e uma arte clean e elegante. A embalagem, com selagem quatro soldas, é totalmente diferenciada na categoria de chocolates, transmitindo cuidado com a delicadeza do produto e com a segurança alimentar.
EMBALAGENS QUE APOSTAM EM INOVAÇÃO SÃO MELHORES E PROMOVEM UM MUNDO MELHOR!