Como especialistas em embalagens inovam a indústria do pescado

As colaborações entre especialistas e indústrias podem acelerar a adoção de soluções de embalagem mais eficientes e atraentes

Costumo dizer que a embalagem é o maior vendedor de um produto. Em um cenário cada vez mais competitivo nas gôndolas, as formas, cores, tipografias, transparências e tecnologias emergentes disputam intensamente a atenção do consumidor.

Em resumo, no segmento de pescados, embalagens visualmente atrativas, que garantam proteção, integridade e conveniência ao produto, têm ganhado protagonismo. Ou seja, a adição de elementos como impressões diferenciadas, tampas especiais e acessórios valoriza o produto aos olhos do consumidor, promovendo diferenciação e visibilidade no ponto de venda.

No entanto, mais do que estética, é fundamental compreender as necessidades de barreira e proteção para desenvolver embalagens que mantenham o pescado fresco e seguro até o consumo. E essa é, em resumo, uma questão estratégica para a marca e vital para sua permanência nas prateleiras.

Sendo assim, para acompanhar as inovações e atender às exigências do mercado, as indústrias de pescado devem contar com o suporte de um especialista em embalagens. Logo, esse profissional tem o papel de identificar as demandas específicas do produto – como vida útil, condições de exposição e transporte – e, ao mesmo tempo, considerar as expectativas do consumidor.
Percepções no supermercado Au Bon Marché

Para ilustrar o valor que esse olhar técnico pode agregar, compartilho aqui observações feitas durante visitas a pontos de venda na França, com foco nas embalagens de pescados. Ou seja, foi possível notar uma ampla variedade de materiais em uso — vidro, aço, papelcartão e plástico —, cada um escolhido conforme o perfil do público-alvo e o posicionamento de mercado da marca.

No supermercado Au Bon Marché, por exemplo, encontrei produtos da marca Siciliatentazioni conservados em azeite de oliva ou apresentados como antepastos. As embalagens de vidro transparente permitiam a visualização dos cortes e realçavam a qualidade do produto. Já as tampas metálicas receberam uma sobreposição de papel impresso em tom marrom, amarradas com fitas de cetim da mesma cor, que prendiam tags em papel cartão com a marca e o nome de cada item.

Além dos elementos de apelo visual, em resumo, o desenvolvimento dessas embalagens exigiu atenção a aspectos técnicos, como a proteção contra a luz — que pode acelerar a degradação do produto —, resistência às altas temperaturas do processo de esterilização e a necessidade de vedação hermética, com barreiras eficazes contra oxigênio e umidade.

Sendo assim, esse exemplo demonstra como uma embalagem bem pensada vai muito além da estética. Ela é resultado de conhecimento técnico, sensibilidade ao comportamento do consumidor e, sobretudo, de uma abordagem estratégica alinhada à proposta de valor do produto.

Ainda no supermercado Au Bon Marché, observei sopas prontas de caranguejo e de peixe da marca Maison Perard, acondicionadas em potes de vidro com tampas de aço. Essas embalagens apresentam características de segurança e proteção semelhantes às já comentadas nas conservas, sendo projetadas para suportar os desafios do envase e da conservação.

No caso de pratos prontos e conservas, é fundamental considerar a presença de gordura e o nível de acidez do alimento, fatores determinantes para a escolha do material de embalagem mais adequado — aquele que oferecerá a melhor barreira e estabilidade ao produto.

Os potes da Maison Perard receberam rótulos de papel com bordas em hot-stamping dourado e parte do texto em letra cursiva, conferindo sofisticação e requinte à apresentação.

O que encontrei no Carrefour

No Carrefour Market, as embalagens para pescados em conserva também chamaram a atenção. Vi embalagens de aço em versões com duas ou três peças, utilizadas para sardinhas e filés de outras espécies, principalmente de marcas próprias. Elas trazem impressão direta em cores vivas, com imagens aplicadas no corpo, fundo e tampa da lata, valorizando o produto e garantindo destaque nas prateleiras.

O desenvolvimento dessas embalagens envolveu a escolha de materiais que garantissem o tempo de prateleira (shelf-life) estipulado pelo fabricante. Além disso, foi necessário adequar o desenho técnico ao tipo de equipamento de envase disponível na indústria, considerando parâmetros como velocidade de produção e tolerâncias dimensionais. Sendo assim, para maior praticidade ao consumidor, essas latas também contam com sistema de abertura fácil (easy-open) aplicado à tampa.

Já a marca Relles de France aposta em embalagens de aço de três peças, com formato retangular e cantos arredondados. Um diferencial está nas bordas recravadas, coloridas em tons diferentes conforme o tipo de pescado. O contraste entre essas cores vibrantes e os fundos em tons pastéis chama a atenção e facilita a identificação dos produtos.

Por fim, a marca William Saurin, por sua vez, apresenta pratos completos prontos para consumo, como o salmão ao estragão com duo de arroz e purê de cenoura. Os produtos são embalados em bandejas plásticas termoformadas com divisórias, fechadas com selo plástico e envoltas por uma luva de papelcartão impressa com identidade visual e informações do produto. Ou seja, essa embalagem, que permite ao consumidor apenas aquecer no micro-ondas e consumir diretamente no recipiente, representa um alto nível de conveniência — e muita tecnologia envolvida para garantir sua estabilidade em temperatura ambiente (shelf stable).

Percepções finais

É inegável o valor que um especialista em embalagens agrega à indústria de pescados: desde a identificação de novos materiais mais modernos e eficientes, até o desenvolvimento de embalagens inovadoras que atendam às exigências do consumidor e da cadeia de distribuição.

Por outro lado, é importante lembrar que esse tipo de especialista não se forma da noite para o dia. Além do esforço individual, é essencial que a própria indústria invista na capacitação de seus colaboradores. A participação em cursos, workshops, fóruns técnicos, visitas a feiras e centros de tecnologia voltados ao tema das embalagens contribui significativamente para a formação de profissionais atualizados e preparados para enfrentar os desafios do setor.


Créditos imagem: Divulgação 

https://www.seafoodbrasil.com.br/como-especialistas-em-embalagens-inovam-a-industria-do-pescado-

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