Assunta Napolitano Camilo
Economia circular
Estamos todos alarmados com o rumo do esgotamento do planeta e a situação geral desbalanceada entre pobres e ricos
Assunta Napolitano Camilo
É evidente que precisamos começar a nos organizar, pois o ar, as águas dos oceanos, enfim, vivemos todos no mesmo planeta, por isso é premente diminuir o consumo, ou disseminar o hábito do “consumo consciente” e inverter a lógica da economia linear para a economia circular.
Embora os resíduos líquidos e gasosos sejam igualmente importantes e perigosos são os resíduos sólidos que alarmam a sociedade. Em função da gestão equivocada, os resíduos de todo o mundo têm como destino, os oceanos.
Esclarecendo o conceito de Economia Linear: é a extração dos recursos naturais e a sua transformação em produtos industrializados, o uso e descarte. Em outras palavras, geramos desperdício.
Gerando assim quatro tipos de desperdício:
- Desperdício de recursos;
- Desperdício de valor embutido;
- Desperdício de vida útil; e
- Desperdício de ociosidade.
Temos então, que rever conceitos, e pensar desde a concepção de cada produto, como será o descarte responsável do bem.
O mundo está se movimentando para a opção da economia circular a partir da adoção de grandes corporações, de iniciativas de governos e da vigilância da sociedade.
A economia circular nada mais é que uma inspiração de como a natureza existe em suas premissas existenciais, ou seja, de um ecossistema que cria um rejeito, o recupera em forma de matéria-prima ou um ecossistema adjacente o faz.
Se continuarmos na economia linear esgotarão os recursos do planeta terra. Temos que estabelecer projetos de recuperação dos materiais já usados e criar modelos de negócios que fomentem esta nova economia.
Já temos tecnologia para apoiar o desenvolvimento desse novo modelo. A indústria de reciclagem já atingiu a geração 4.0, além de termos disponível a inteligência artificial, Big Data, entre outras.
Há inúmeros movimentos e iniciativas apoiando a mudança de mind set (modelo mental) como o projeto piloto de Economia Circular aplicado nos restaurantes Arcos Dourados (McDonald’s).
Este projeto foi emblemático, pois se iniciou a partir da “onda” contra os canudinhos plásticos, como se eles fossem os assassinos das tartarugas e baleias indefesas.
Quem as assassinou foram os seres humanos que largaram resíduos ao léu: canudos, copos, garrafas, latas, enfim toda sorte de embalagens vazias e utensílios sem utilidade.
O âmago da questão é muito maior. O problema está longe de ser o material utilizado, mas sim está na atitude de consumir e “jogar fora” de qualquer forma e em todo lugar. Temos que ser responsáveis pelo que consumimos e descartamos. Cada um deve ser responsável pelos resíduos que gera.
Faltam programas de educação, desde a mais básica, para crianças até aos adultos, que insistem que o que sobra das suas compras não lhes diz respeito: é de outrem!
É fundamental investir em programas de valorização da reciclagem e do R mais relevante de todos: o da RESPONSABILIDADE.
Os restaurantes McDonald´s, que já faziam a separação dos resíduos em duas cestas (restos de alimentos e materiais recicláveis) enviou o material para a cooperativa CooperYara para fazer a separação entre os materiais recicláveis e enviar à recicladora apenas os resíduos de polipropileno (canudos e copos).
A Plastifama, fornecedora dos canudos, passou a separar os resíduos do processo de fabricação para também enviar para a reciclagem.
A Plastimil, empresa recicladora de plásticos, recebeu os materiais pós-consumo e pós-processo. Após lavagem adequada do material pós-consumo, moeu este material juntamente com o material pós-processo da fabricação de canudos e, na sequência, os homogeneizou e os transformou em pellets.
Esta transformação foi cuidadosamente avaliada para que o produto continuasse com as propriedades adequadas para ser um novo produto. Há muita tecnologia neste processo de reprocessamento.
O passo seguinte, envolvendo o fornecedor de bandejas plásticas, a Semaza, contemplou a produção de bandejas a partir do material reciclado.
Ainda como parte do projeto, a educação dos consumidores também foi contemplada, com o desenvolvimento de uma lâmina de bandeja, que conta a história do projeto e traz instruções para separar os resíduos. A tecnologia de realidade aumentada foi utilizada para engajar os consumidores. É uma forma de educar de maneira agradável e muito eficiente.
A expectativa é que este projeto piloto inspire a multiplicação de novos exemplos, pois é com atitudes positivas que mudamos o mundo de verdade. O consumo consciente associado aos conceitos da economia circular é, de fato, um grande vetor de transformação da sociedade.
Economia circular promove um mundo melhor.