As embalagens são muito mais do que um invólucro para carnes premium: elas desempenham um papel estratégico na diferenciação desses produtos no mercado, comunicando qualidade, exclusividade e sustentabilidade. Assunta Camilo, diretora do Instituto de Embalagens, explora como as embalagens podem proteger, valorizar e atender às expectativas de consumidores que estão em busca de cortes especiais
Assunta Camilo, diretora do Instituto de Embalagens, explica que, além de proteger, as embalagens precisam agregar valor ao produto, atendendo às expectativas de um público exigente.
“Os consumidores desta categoria valorizam a origem e o método de criação do produto. Embalagens que fornecem informações sobre a fazenda, o tipo de alimentação, certificações de bem-estar animal e até sugestões de preparo criam uma conexão emocional e ajudam a justificar o preço elevado.”
Para transmitir sofisticação e exclusividade, o design é crucial. Segundo Assunta, cores sóbrias como preto e azul-marinho, combinadas com acabamentos metálicos, como ouro ou prata, criam um apelo visual que reforça a percepção de luxo. Mas o design não é o único elemento relevante: a tecnologia das embalagens também tem um papel de destaque.
“As embalagens a vácuo, de atmosfera modificada ou com indicadores de temperatura são muito valorizadas, porque garantem frescor e segurança alimentar, reduzindo o desperdício. Isso é fundamental para o consumidor moderno, que busca conveniência sem abrir mão da qualidade”, comenta.
Outro exemplo de inovação tecnológica são as embalagens skin a vácuo, que envolvem o produto como uma segunda pele. Esse tipo de embalagem não só aumenta o tempo de prateleira e realça o frescor da carne, mas também tem um apelo estético poderoso.
“Um caso de sucesso foi a solução desenvolvida pela Graphic Packaging para a rede Morrisons, no Reino Unido. Com bases de papelcartão e impressão fotográfica, a embalagem combina apelo visual com uma redução de 90% no uso de plástico, eliminando 250 toneladas de resíduos plásticos por ano”, detalha a especialista.
Sustentabilidade em foco
A sustentabilidade é outra grande prioridade para o setor de carnes premium. No mercado europeu, embalagens compostas por materiais celulósicos e plástico em menor quantidade estão ganhando destaque, especialmente com a proibição de embalagens de uso único.
Assunta explica que essas soluções exigem um design inteligente:
“Os materiais precisam ser facilmente separáveis para facilitar o descarte e a reciclagem. O consumidor deve entender de forma intuitiva como lidar com a embalagem após o uso.”
Ela também reforça que a sustentabilidade não se limita aos materiais utilizados, mas se estende ao ciclo de vida do produto.
“O eco-design é essencial para que uma economia circular funcione de verdade. Embalagens feitas de papel e papelcartão, quando bem projetadas, valorizam o produto e atendem às novas exigências regulatórias.”
Outro fator que influencia diretamente a experiência do consumidor é a funcionalidade. Embalagens com zíper, selagem fácil e porções individuais oferecem praticidade e atendem às demandas do público premium.
“Um exemplo inspirador vem da França, com as rilletes de carnes desfiadas da Bordeau Chesnel. A embalagem não só mantém a qualidade do produto como também facilita seu consumo em diferentes ocasiões, do lanche ao preparo de molhos sofisticados”, observa Assunta.
Tendências para o futuro
Para 2025, as tendências apontam para uma maior integração entre sustentabilidade e sofisticação.
“O foco será na redução do uso de plástico, na incorporação de materiais reciclados e em designs que traduzam a qualidade do produto. Cores sóbrias e acabamentos elegantes continuarão em alta, mas sempre alinhados aos princípios do eco-design”, prevê.
Ao alinhar tecnologia, design e sustentabilidade, as embalagens estão se consolidando como um diferencial competitivo no mercado de carnes premium.
“As embalagens não são apenas um complemento; elas são parte essencial da experiência de compra e consumo”, conclui.