Metpack e Interpack revelam o futuro da indústria de embalagens

Enfim chegamos às edições 2023 da Metpack e Interpack, duas das feiras mais aguardadas pela comunidade global de embalagens, depois um hiato de seis anos.
Creio que todos os profissionais do setor tinham várias perguntas no imaginário sobre o que seria destacado e quais os caminhos para o futuro seriam iluminados?

Em sua décima edição, a Metpack se consagrou como a plataforma impulsionadora para a indústria global de embalagens metálicas, reunindo 313 expositores, desde insumos a linhas completas de fabricação e, até mesmo, transformadores.


Cerca de 6.500 visitantes de todas as partes do mundo visitaram a feira, em Essen, na Alemanha, que aconteceu de 2 a 6 de maio de 2023 e experimentaram tecnologias voltadas para o futuro, novos produtos e desenvolvimentos para a produção, refinamento e reciclagem de embalagens metálicas.


Descarbonização e digitalização foram os assuntos centrais da feira. O setor intensificou seus esforços para se posicionar de forma ainda mais ambientalmente sustentável. Houve oportunidades de se atualizar sobre os últimos desenvolvimentos e experimentar as inovações de perto. Um convite para trocar ideias e fazer contatos.


A nova legislação de embalagens da União Europeia que visa controlar o uso e a reciclagem de embalagens na Europa está dando um novo impulso à indústria, pois as embalagens de metal são consideradas uma boa solução devido a sua reciclabilidade.


Destaco três pontos importantes:


1 – A mobilização da indústria de aço com a questão da descarbonização. Grandes empresas, como ArcelorMittal, Tata Steel e ThyssenKrupp apresentaram metas para zerar as emissões até 2030. Além disso, a Nippon Steel mostrou também solução de eliminação de cromatos.


2 – A impressão digital se tornou realidade para o setor de embalagens de aço, além disso, aumentou a preocupação com a qualidade da apresentação destas embalagens que permitem inúmeras novas opções de design.

3 – Mudança de modelos de negócios: algumas empresas passando a entregar chapas de aço já com coatings ou vernizes para seus clientes transformadores. O hidrogênio desempenha um papel central na estratégia de descarbonização da produção de aço da ArcelorMitall que tem como meta reduzir em 30% as emissões de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade em 2050. Para isso, a companhia desenvolveu o aço verde certificado XCarb® que permite que os seus clientes reduzam suas emissões de carbono no espoco 3 e o aço XCarb® reciclado produzido em um forno elétrico a arco (EAF) que utiliza sucata e eletricidade proveniente de fonte 100% renovável.

Em relação aos equipamentos: a Soudronic, Belvac, HinterKopf, SACMI, Mall Herlan e KBA apresentaram alto índice de automação de processos e produção em rede por meio de análise de dados e da Internet das Coisas. Informações detalhadas sobre inovações técnicas também foram fornecidas pela Conferência Internacional METPACK. A HinterKopf, além dos equipamentos para produção de bisnagas e tubos de plástico ou alumínio, trouxe a proposta de garrafas de alumínio para vinhos, lembrando a garrafa de vidro. Inúmeros fornecedores de insumos e acessórios, como tampas, ou lacres até de plásticos transparentes, ganharam destaque nesta edição.

Ainda foi interessante notar a crescente preocupação com a questão da sustentabilidade ambiental demonstrada por fornecedores de tintas, vernizes ou coatings, como Sherwin Williams, Sun Chemical, Henkel e Actega. A CMA apresentou uma solução de prova de cores com fidelidade para tintas reflexivas. A Brasilata, maior empresa transformadora de embalagens de aço do Brasil, expôs na feira dois lançamentos da Brasilata Labs: um processo de impressão digital patenteado por eles desenvolvido em conjunto com a Actega e a HP e um tratamento de superfície desenvolvido em parceria com Actega e Plasmatreat que elimina o uso de solventes e vernizes. Assim, a Brasilata passa a vender, além de latas de aço, tecnologia brasileira. Um orgulho! A Koenig & Bauer MetalPrint recebeu o Prêmio Ouro de Inovação METPACK. O fornecedor de sistemas para linhas de impressão e revestimento, sistemas de secagem e soluções de purificação de ar de exaustão desenvolveu um novo sistema de controle de cores de circuito fechado. “MetalControl” digitaliza cada folha e mede a densidade da tinta. Os resultados são transmitidos digitalmente para o painel de controle, avaliados e as zonas de tinta corrigidas automaticamente.

A surpresa da feira foi a SAIER, uma empresa de embalagens plásticas para tintas, que apresentou uma solução para embalar tintas à base de solventes em “latas plásticas” com a utilização de um liner (um filme plástico barreira), que após o consumo da tinta, o consumidor pode tirar e ter sua “lata” limpa para outra utilização. Solução interessante e ousada que já recebeu prêmios.

Interpack
Num espaço correspondente a 28 campos de futebol, a Interpack, maior feira internacional de embalagens, aconteceu de 04 a 10 de maio, em Düsseldorf, na Alemanha, reunindo 2807 expositores e 143 mil visitantes de 155 países. Depois de um hiato de seis anos, a feira mais esperada pelo setor no mundo, apresentou muitos lançamentos, conferências, eventos e encontros. Além de eventos como o Women in Packaging, Safe Food, BlueLoop, os organizadores realizaram interessantes palestras abertas nomeadas de 7 dias/ 7 tópicos no hall de entrada – a Economia Circular, Produção Segura, Logística, E-Commerce, Reciclagem, Digitalização.

A Interpack trouxe uma mensagem clara sobre sustentabilidade e também interrogações sobre como caminhar para esta transformação. Estabeleceu-se um concurso, ou melhor, uma grande gincana pela melhor solução e ideia. Mas qual é a melhor resposta? A questão exige muitas respostas e grande responsabilidade de todos e de cada um. Faz-se necessário cuidado, atenção, coragem e respeito. Aliás, respeito é o nome de uma campanha na Alemanha que deveria ser abraçada pelo mundo: respeito às diferenças, às opiniões, às pessoas, ao meio ambiente, aos animais. Respeito! A solução é a soma de quase todas as oferecidas. A grande maioria tem méritos, exceto as absurdas manifestações de greenwashing.

Nesta minha oitava visita à Interpack encontrei inovações e caminhos de volta ao passado que devem ser cuidadosamente avaliadas. Digitalização? Inovações? Novos materiais? Novos processos? Novos equipamentos? Propostas disruptivas? Novos caminhos? Compartilhar conhecimento e tratar com muito RESPEITO é o certo para a questão da Sustentabilidade. Cooperação é a chave!

A guerra travada entre os diferentes materiais nada vai ajudar e só pode piorar a imagem das embalagens. Uma delas poderia até ser intitulada: “A Revanche das Fibras”. O setor de celulose, papel, papelcartão e papelão ondulado exagerou em algumas propostas e ataques principalmente ao plástico, quando ainda o utilizam para entregar as barreiras que se fazem necessárias, como no caso da solução da bisnaga de papel proposta pela aliança de StoraEnso, AISA, Gallus e IWK. Eles alardearam o PaperTube aos quatro cantos, quando na verdade, a barreira continua sendo feita pela camada interna de plástico, e a tampa também de plástico é presa ao corpo da bisnaga, impedindo ou dificultando muitíssimo a reciclagem. A Robopac fez um show com uma máquina envolvedora de paletes que utilizava papel kraft substituindo o filme plástico. Chamou muito a atenção dos visitantes, porém ninguém soube responder qual o limite de carga suportado ou a velocidade atingida, ou mesmo o custo da proposta, nem mesmo quando estaria disponível.

Algumas pesquisas de novos materiais eram interessantes, outras, porém um tanto questionável, como filmes à base de algas. Qual a escala de produção desta solução? Quais barreiras? Como seria a maquinabilidade ou a produtividade e outras questões assim.

Os fabricantes de máquinas de embalagens apresentaram soluções interessantes e inteligentes como utilização de monomateriais para blísters de remédios em PP ou PET ou até mesmo papel. Propostas aparentemente sensatas e com produtividade adequada às necessidades atuais do mercado.

Também apresentaram serviços de diagnóstico remoto, inteligência artificial e sistemas de controle e rastreabilidade que muito colaboram para uma fábrica melhor. A TNA, por exemplo, oferecia a possibilidade de fazer uma visita virtual à planta industrial através de óculos de realidade virtual. Outra solução inteligente foi a redução de 12 para 7 mm a largura da área de selagem de embalagens flow-packs. Imaginem a quantidade de material poupado!

EMBALAGENS salvam alimentos e remédios e são fundamentais para um planeta de oito bilhões de pessoas que precisam de um mundo melhor. A sustentabilidade deve ser ambiental, econômica e social. Devemos todos, juntos, construir um mundo melhor para todas as pessoas e ninguém deve ser esquecido ou ficar para trás. Foram muitas as propostas e apresentações da Interpack, desta forma, pretendemos complementar as informações no próximo artigo. O Instituto de Embalagens investe continuamente em visitas às feiras e congressos internacionais para estar sempre atualizado com as mais novas tecnologias mundiais e contribuir com a formação e informação para nossos profissionais de embalagens. Estamos preparados para desenvolver treinamentos e palestras customizadas para os diferentes segmentos e mercados. Consulte-nos!

Embalagens que apostam em inovação são melhores e Promovem um mundo melhor!

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